"Se o mundo lhe
abandona, a solidão é tolerável, mas se você mesmo se abandona, a solidão é
insuportável!"
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- Como foi o seu dia?
- Foi ótimo!
- Como, ótimo? Você
passou o dia inteiro sozinha, enfiada nessa casa!
- Ué, eu sou uma ótima
companhia para mim mesma!
O diálogo é verídico e minha resposta foi espontânea, nem um
pouco planejada. Dias depois fiquei refletindo sobre ela... É muito importante
ser uma boa companhia para si! Eu sou o único ser que vai estar comigo durante
TODAS as 24 horas de TODOS os meus dias! A vida fica complicada demais quando a
gente não consegue se acompanhar...
Nem sempre fui uma boa companhia para mim mesma. E acredito que
seja impossível o ser o tempo todo, mas é plenamente possível o ser pelo menos
por uma boa parte do tempo que dispomos por aqui, desde que se disponha de vontade
e paciência para conhecer-se, dialogar consigo, reconhecer em si
fraquezas, imperfeições e trabalhá-las com amor, com todo o cuidado que se
possa ter com uma pessoa; sem, contudo, menosprezar as próprias fortitudes.
Estou falando de um processo que se pede constante, que é
para uma vida. E quando o experienciamos dessa forma é que o mais belo encontro
com o outro poderá se dar. Porque assim iremos expor e confiar ao outro o que
há de mais valioso em nós, não porque precisamos, mas porque queremos. Não
porque seria impossível viver de outra forma, mas porque, dessa forma, a vida
será melhor, será mais.
Muitas pessoas não entendem a coragem e a ternura que
residem na frase: “eu sou tua” – e coloco no feminino, pois aqui estou
expressando um ponto de vista muito meu, mas sabe, quando essa frase é
proferida por um homem, acredito que exista nela um valor diferente e, em certa
medida, mais intenso, dada nossa cultura que sempre defendeu a camuflagem dos
sentimentos e emoções mais legítimos do gênero masculino.
“Eu sou tua” não implica numa concessão de território;
implica numa entrega espontânea que é, na realidade, um convite ao compartilhar.
Quando digo ao outro “eu sou tua” não estou entregando a ele o poder absoluto
sobre minha vontade ou minhas ações. Estou reiterando um vínculo afetivo, um
compromisso de amor. O subtexto desta frase seria: “quero que você permaneça na
minha vida, quero que você me conheça, quero lhe conhecer e reconhecer as mais
sutis nuances que você permitir. Eu escolhi você”.
Dessa forma, quem diz “eu sou tua” é senhora de seus
sentimentos e da opção de, mais tarde, caso assim o entenda e se perceba,
dizer: “não lhe quero mais”. Não se trata aqui de uma entrega definitiva e
incondicional, pois aquele que recebe precisa assumir a responsabilidade de
cuidar, assim como também é dono da possibilidade da recusa. O que entendo não
ser permitido é aceitar isentando-se desse encargo. Aquele que o faz, está fadado
à perda.
E sem querer eu assinei meu próprio blog! o.O
ResponderExcluirE o blogger não está me deixando (des)assinar...!
"Eu sou tua"...esteja na minha vida, mas não tome conta da minha vida.
ResponderExcluirO sentimento de posse nessa expressão é incontestável na linguagem de muitos. Por isso quando há o desapego a dor é angustiante.
Limites na simbologia do TER dentro de uma relação existe pra poucos na humanidade!
Você usou uma palavra interessante, que para mim tem um sentido forte e que precisa ser exercido sempre, todos os dias: desapego. Pode parecer estranho para muita gente, mas eu acredito que é praticando a arte do desapego que nos tornamos donos de nós mesmos.
ExcluirObrigada por postar, querida! Saudade de você.